Filme Barbie: A Redescoberta da Identidade e o Questionamento da Sociedade Matriarcal

Uma Análise Profunda do Filme Barbie de Greta Gerwig e a Exploração do Existencialismo e Feminismo (aviso contém spoilers!)

O filme Barbie, dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling, apresenta uma intrigante mistura de comédia e fantasia, ao mesmo tempo em que explora temas profundos como existencialismo, feminismo e a desconstrução da identidade de gênero.

Esta obra é baseada na popular franquia de bonecas da Mattel e traz uma perspectiva inovadora, abandonando os estereótipos do passado e questionando a sociedade matriarcal na Barbielândia.

A Jornada Existencial de Barbie

A personagem Barbie, conhecida por sua perfeição estereotipada, é apresentada como uma figura complexa e questionadora neste filme.

Ao confrontar sua mortalidade e descobrir suas imperfeições, Barbie embarca em uma jornada existencial que a leva do mundo perfeito da Barbielândia para o mundo real, em busca de sua verdadeira identidade.

Aqui, a boneca sábia, mas desfigurada, desempenha um papel significativo ao revelar a Barbie que a cura para sua crise de identidade está em encontrar a criança brincando com ela.

Essa jornada para o mundo real é uma metáfora para a busca da autenticidade, onde Barbie confronta sua imagem idealizada e reconhece suas vulnerabilidades humanas.

Desconstrução da Sociedade Matriarcal

Na Barbielândia, uma sociedade matriarcal é retratada, onde as mulheres são retratadas como autoconfiantes, autossuficientes e bem-sucedidas, ocupando posições de destaque em diferentes campos.

Enquanto isso, os personagens masculinos, como Ken, são estereotipados como passivos e buscando validação no relacionamento com Barbie.

Essa representação satírica da sociedade matriarcal levanta questões sobre a igualdade de gênero e os estereótipos associados aos papéis masculinos e femininos.

Ao mostrar os homens sendo marginalizados em papéis submissos, o filme destaca como a busca pelo poder pode levar à opressão e à subjugação de um grupo pelo outro.

Feminismo na Narrativa

Ao longo da trama, “Barbie” aborda temas feministas complexos. A personagem Sasha, filha da funcionária da Mattel, critica Barbie por promover padrões de beleza irreais, o que faz a protagonista confrontar as implicações de sua imagem na formação da autoestima das meninas.

Ao resgatar Barbie do domínio opressivo dos homens na Barbielândia, personagens como Gloria, Sasha e Barbie Estranha têm um papel fundamental na desconstrução da imagem idealizada da Barbie e na luta pela igualdade de gênero.

O filme também sugere que o feminismo verdadeiro deve ir além da supremacia de um gênero sobre o outro, buscando a coexistência igualitária e o empoderamento de todas as pessoas.

A Experiência Existencial de Ken

O personagem Ken também passa por uma jornada significativa ao se ver no mundo real, onde descobre o sistema patriarcal e encontra seu senso de identidade e importância. Essa experiência leva Ken a reavaliar seu papel em relação a Barbie e aos outros Kens.

Essa parte do enredo questiona as expectativas tradicionais de masculinidade e destaca a importância da busca individual por uma identidade autônoma.

Ao se desvincular da dependência de Barbie, Ken é incentivado a encontrar seu propósito próprio e a se tornar mais do que apenas uma figura complementar.

A Arte Visual e o Mundo de Fantasia

Um dos aspectos mais elogiados do filme “Barbie” é sua rica arte visual, que remete a uma estética de sonho, com cores vibrantes e cenários deslumbrantes.

O mundo de fantasia da Barbielândia é uma representação fascinante de uma utopia matriarcal, onde tudo é perfeito e harmonioso.

A estética do filme foi inspirada em clássicos musicais em Technicolor, resultando em uma experiência visualmente deslumbrante que cativa o espectador.

A sensação tátil do filme também é ressaltada, com o uso de efeitos práticos para capturar a textura e a materialidade dos objetos, aproximando o público do mundo mágico de Barbie.

Conclusão

“Barbie” de Greta Gerwig é uma produção cinematográfica que transcende as expectativas associadas a uma adaptação de brinquedos. Abordando questões existenciais, feministas e de desconstrução de estereótipos de gênero, o filme destaca-se como uma reflexão inteligente sobre a identidade individual e coletiva em uma sociedade em constante evolução.

A narrativa, os personagens complexos e a exuberante arte visual criam uma experiência cinematográfica envolvente e inspiradora. “Barbie” não é apenas um filme sobre uma boneca famosa; é uma jornada profunda de autodescoberta e um chamado à reflexão sobre as normas sociais e a importância de questionar o status quo para alcançar uma sociedade mais inclusiva e igualitária.